Estava na praia com o pai e ele pediu para ver se temperatura da água estava boa. Ela estava com cinco anos e ficou contente de poder ajudar. Foi até a beira da água e molhou os pés.
“Coloquei os pés. Está fria” – disse para ele.
O pai pegou-a no colo, caminhou até a beira do mar e, sem qualquer aviso, atirou-a dentro d’água. Ela levou um susto, mas depois ficou contente com a brincadeira.
“Como está a água?”, perguntou o pai.
“Está gostosa”, respondeu.
“Então, daqui para frente, quando você quiser saber alguma coisa, mergulhe nela”.
Não tenha medo das dificuldades. O que o assusta é a obrigação de ter que escolher um caminho. Escolher um caminho significa abandonar outros. Há uma vida inteira para viver, e pode pensar em se arrepender, no futuro, das coisas que quer fazer agora.
“Tenho medo de me comprometer”, pensou consigo mesma. Queria percorrer todos os caminhos possíveis, e ia acabar não percorrendo nenhum.
É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Há pessoas que seguem apenas para provar que não servem para elas. Mas isto não é o pior. O pior é escolher e ficar o resto da vida pensando se escolheu certo. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo.
Brida - Paulo Coelho